Bullying

Bullying pode ser determinante no desenvolvimento e na constituição da personalidade. Este problema já afeta 150 milhões de jovens no mundo. Ele afeta crianças e adolescentes em todo o mundo e preocupa pais, educadores e especialistas. Segundo um levantamento do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, metade dos adolescentes entre 13 e 15 anos, cerca de 150 milhões de meninos e meninas, sofre violência corporal ou psicológica por parte dos colegas, dentro e no entorno das escolas.


 Segundo a psicóloga da CLÍNICA SINAPSE, Aline Grou, é considerado Bullying a prática de atos violentos e intencionais, seja verbal ou fisicamente, que acontece de modo repetitivo e persistente, sem aparente razão ou motivação clara, com intuito de intimidar, humilhar e maltratar qualquer pessoa que se mostre indefesa. O ato pode ocorrer em diversos ambientes, porém, atualmente, é visto mais comumente em ambientes escolares. “Além dos pais ficarem atentos a machucados e hematomas sem explicação, é importante entender que o problema interfere diretamente no comportamento e no emocional da criança/adolescente, que passa a apresentar isolamento, irritabilidade, agressividade, alterações no sono e no apetite, choro sem motivo aparente e desinteresse pela escola. A vítima do ato pode criar até mesmo meios para não ir ao colégio, inventando dores de cabeça constantes e mal-estar, por exemplo”, alerta Aline, especialista em Terapia Cognitivo Comportamental. As consequências do bullying, além de físicas, são também psicológicas, afetando seriamente o emocional e o cognitivo. O problema pode ser determinante para o estabelecimento da autoestima e pode influenciar de maneira negativa no desenvolvimento e constituição da personalidade, além de provocar queda no rendimento escolar, evasão da escola, dificuldades de aprendizagem e socialização, e, em casos mais graves, desenvolvimento de depressão, ansiedade e pensamentos autodestrutivos como o suicídio. “É essencial que os pais se atentem às mudanças de comportamento do filho. Por isso, esta é uma fase que exige um vínculo forte com a criança/adolescente, mantendo um diálogo aberto, frequente e sem julgamentos. Caso se confirme a suspeita do ato, é fundamental procurar a escola para alertar sobre o que está acontecendo, a fim de exigir que as devidas providências sejam tomadas para evitar que este tipo de situação perdure”, comenta a psicóloga. Aline ressalta, ainda, que o bullying praticado por meninos é feito de maneira mais expansiva e agressiva com chutes e socos, por exemplo, sendo mais fácil de identificar. Já o bullying praticado por meninas acontece de maneira mais velada, através de fofocas, humilhações e comentários negativos. A vítima é isolada, excluída do convívio, ignorada na realização de trabalhos ou atividades em grupo. “Nesse tipo de situação, a escola precisa ficar atenta e intervir rapidamente, comunicando aos pais e encaminhando o agressor para um tratamento psicológico, pois é bem possível que a criança que comete o ato também esteja em sofrimento psíquico. É necessário promover também medidas de conscientização e combate a todos os tipos de violência dentro do ambiente escolar. É importante ter um olhar cuidadoso sobre o assunto, nem tudo pode ser considerado como brincadeira típica da idade”, destaca a especialista. O bullying tornou-se um “fenômeno” tão sério que motivou a regulamentação de novas leis para coibir esse tipo de ação, principalmente no ambiente escolar (lei 13185/2015 e a lei 13.663/2018). Para a psicóloga, a família é o primeiro grupo social do qual a criança faz parte, portanto é importante os pais observarem os tipos de brincadeira e verbalização que ela apresenta em casa, e chamar sua atenção para atitudes que possam ofender ou constranger o outro, esclarecendo que aquilo não é uma brincadeira. “As escolas, por sua vez, podem promover com frequência palestras preventivas sobre o tema, com uma abordagem colaborativa e pacificadora para resolução de conflitos”.


O tratamento das vítimas de bullying é realizado através de psicoterapia individual e envolve treinamento de habilidades sociais, promoção de resiliência e psicoeducação. Como as vítimas do problema apresentam insegurança, baixa autoestima e dificuldades para se expressar e se comunicar, essas técnicas visam trabalhar e modificar esse comportamento, contribuindo para que ela crie habilidades de enfrentamento frente ao agressor ou situações de constrangimento. E a família é extremamente importante neste processo. “O agressor, por sua vez, também deve passar por tratamento psicológico, pois muitas vezes mantém uma autoestima tão baixa quanto a das vítimas, assim como um alto nível de sofrimento emocional, que deve ser acolhido e tratado. Também é importante promover a empatia, criando possibilidades de sensibilização e envolvimento de forma positiva com o grupo/vítima”, completa Aline.

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