Os Pais | O Desligamento Afetivo do Filho Criança

OS PAIS


Se para o adolescente esta é uma fase de crise e consequentemente de muito sofrimento, para os pais e a sociedade o quadro não se apresenta muito diferente.


Adolescer em latim significa “crescer”, assim a adolescência constitui-se numa passagem da infância à idade adulta. Na realidade, ele não é mais uma criança, mas ainda não é um adulto. O adolescente provoca uma revolução no meio familiar e social e este conflito de gerações nem sempre é bem resolvido.


Compreender este período transitório constitui um grande desafio para pais e sociedade. Por baixo do discurso da “adolescência difícil”, está uma sociedade difícil, hostil, intolerante e competitiva, que se impõe drasticamente sobre alguém que quer agir e modificar crenças e normas.


A raiz do problema está na necessidade de o jovem começar a fazer parte do mundo adulto, e na dificuldade do adulto em dar passagem e voz ativa a essa nova geração, crítica e cheia de energia.


O DESLIGAMENTO AFETIVO DO FILHO CRIANÇA


Neste longo processo os pais sofrem com a perda do filho criança e fatalmente precisam evoluir para uma relação com o filho adulto, o que nem sempre é fácil pois exige várias renuncias, entre elas abandonar a imagem idealizada de si mesmo e iniciar a evolução para o novo processo de desenvolvimento; o envelhecimento.


A hostilidade do adolescente frente aos pais se manifesta na sua desconfiança, nas ideias de não ser compreendido e na adesão de outros valores. Por outro lado, o adulto, ao sentir-se atacado, julgado e ameaçado costuma reagir com total incompreensão e reforço da sua autoridade (hostilidade).


O fator econômico tem um papel importante e usualmente é usado pelos pais como forma de poder sobre o filho, criando assim, mágoas e ressentimentos entre as duas partes.


Para que possam se desenvolver, os jovens têm que encontrar certa aprovação nos seus pais.


Aparentemente os jovens se mostram “senhores de si”, mas os pais precisam estar conscientes que na realidade eles passam por um período de profunda dependência. Precisam dos pais tanto ou mais do que quando eram crianças e, que dessa necessidade de dependência surgirá imediatamente o desejo de independência. Para isto é fundamental que os próprios adultos possam iniciar o desapego do filho, autorizando-lhes a liberdade e a manutenção da independência madura. Para isto os pais têm dois caminhos distintos.


1 – A liberdade sem limites, que nada mais é que um abandono emocional e físico ou


2 – A liberdade com limites, que pressupõe negociação de regras, cuidados, observação, diálogo permanente, afeto e proteção e, assim, seguir junto com os filhos e suas transformações.


Isto exige calma e compreensão, para que o processo não se acelere ou se interrompa. Esta liberdade adequada possibilita que o jovem vá se adaptando ao mundo dos adultos, sem entrar em graves conflitos consigo mesmo, com a família e a sociedade.


Fica evidente, nesta fase da vida que o enfraquecimento da autoridade dos pais, a ausência de limites e modelos a serem seguidos, longe de propiciar liberdade, aumenta as possibilidades de dominação.


A impulsividade, a paixão pelo perigo e excessos fazem parte do comportamento do adolescente. As estatísticas, no Brasil e no mundo, a respeito de uso de drogas são alarmantes, preocupando famílias e sociedade. As causas, fatores de risco e de proteção precisam ser conhecidas por todos.


A maioria dos pais está a par destas necessidades e modificam suas atitudes e exigências em função da evolução da prole. De algum modo, acompanham seu adolescente através da crise. O jovem se desenvolve tendo como moeda de troca o afeto a autoridade e a disciplina. Saber escutar o que há de legítimo nas críticas dos adolescentes, embora incômodas, possibilita conhecer as suas necessidades, seus medos e expectativas. Assim, neste “campo de guerra”, não há vencedores ou perdedores, mas pessoas buscando existir no mundo de forma plena e serena.


MARISA GRAZIELA MORAIS

DIRETORA

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